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A Biblioteca Escolar do Agrupamento de Escolas de Resende (antes denominada BE do AVEResende) era constituída, no ano letivo de 2009/2010, pela Biblioteca do Centro Escolar de S. Martinho de Mouros (BCESMM) e pela Biblioteca Dr. Joaquim Correia Duarte (BJCD). No ano letivo de 2010/2011, a BE ficou enriquecida com a Biblioteca do Centro Escolar de Resende (BCER). Em 2011/2012, com a junção de escolas, o Agrupamento de Escolas de Resende passou a ter, com a BEgas (Biblioteca da Escola Secundária), quatro bibliotecas em funcionamento. Atualmente, e desde 2013/2014, a BE é formada por mais uma biblioteca, a do Centro Escolar de S. Cipriano (BCESC). Constituem objetivos principais da BE: disponibilizar recursos e serviços, para todas as escolas do agrupamento, e fomentar, entre estas, o diálogo e a cooperação, em parceria com as entidades locais, de modo a contribuir para a consolidação da Rede de Bibliotecas Escolares e promover o serviço de marketing educativo/cultural da BE. O horário de abertura do espaço físico das bibliotecas abrange o tempo de permanência dos alunos em cada escola.

segunda-feira, 5 de abril de 2021

Histórias partilhadas, uma por dia (da Semana da Leitura) - O Livro

    Era uma vez um livro. Um livro fechado. Tristemente fechado. Irremediavelmente fechado. Nunca ninguém o abrira, nem sequer para ler as primeiras linhas da primeira página das muitas que o livro tinha para oferecer. Quem o comprara trouxera-o para casa e, provavelmente insensível ao que o livro valia, ao que o livro continha, enfiara-o numa prateleira, ao lado de muitos outros. Ali estava. Ali ficou.

    Um dia, mais não podendo, queixou-se:

    – Ninguém me leu. Ninguém me liga.
    Ao lado, um colega disse:
    – Desconfio que, nesta estante, haverá muitos outros como tu.
   – É o teu caso? – perguntou, ansiosamente, o livro que nunca tinha sido aberto.
   – Por sinal, não – esclareceu o colega, um respeitável calhamaço. – Estou todo sublinhado. Fui lido e relido. Sou um livro de estudo.
    – Quem me dera essa sorte – disse outro livro ao lado, a entrar na conversa. – Por mim só me passaram os olhos, página sim, página não... Mas, enfim, já prestei para alguma coisa.
   – Eu também – falou, perto deles, um livrinho estreito. – Durante muito tempo, servi de calço a uma mesa que tinha um pé mais curto.
    – Isso não é trabalho para livro – estranhou o calhamaço.
    – À falta de outro... – conformou-se o livro estreitinho.
    Escutando os seus companheiros de estante, o livro que nunca fora aberto sentiu uma secreta inveja. Ao menos, tinham para contar, ao passo que ele... Suspirou.
    Não chegou ao fim do suspiro, porque duas mãos o foram buscar ao aperto da prateleira. As mãos pegaram nele e poisaram-no sobre os joelhos.
    – Tem bonecos esse livro? – perguntou a voz de uma menina, debruçada sobre o livro, ainda por abrir.
    – Se tem! Muitos bonecos, muitas histórias que eu vou ler-te – disse uma voz mais grave, a quem pertenciam as mãos que escolheram o livro da estante.
    Começou a folheá-lo e, enquanto lhe alisava as primeiras páginas, foi dizendo:
    – Este livro tem uma história. Comprei-o no dia em que tu nasceste. Guardei-o para ti, até hoje. É um livro muito especial.
    – Lê – exigiu a voz da menina.
    E o pai da menina leu. E o livro aberto deixou que o lessem, de ponta a ponta.
    Às vezes, vale a pena esperar.

António Torrado

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